16 de outubro de 2014

Visitas em presídio de Guarapuava serão liberadas em novembro

FONTE: G1/PARANÁ
As visitas de familiares na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG), na região central do estado, serão retomadas em novembro, segundo a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) do Paraná. A unidade foi parcialmente destruída durante uma rebelião entre segunda-feira (13) e quarta-feira (15), além de 13 agentes penitenciários e diversos detentos, que foram feitos reféns. Ao todo, 19 presos ficaram feridos, a maioria com ferimentos leves, conforme a Polícia Militar (PM). O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen) informou que seis agentes foram feridos, sem gravidade. Durante o motim, os rebelados subiram nos telhados com os reféns e quebraram vidros da penitenciária.
A rebelião terminou depois que 29 presos foram transferidos para outras unidades do interior do Paraná, que não serão divulgadas. Outros dois foram para uma penitenciária de Santa Catarina. Segundo o diretor do Departamento de Execução Penal do Estado do Paraná (Depen), Cezinando Paredes, a rebelião começou quando alguns detentos estavam indo para um canteiro de trabalho e renderam agentes e outros presos. De acordo com a Sesp, duas fábricas, de sapato e de luvas, onde os presos trabalhavam dentro do presídio, o ambulatório e a parte odontológica ficaram destruídos. Já as galerias tiveram poucos estragos.
Para o secretário de Segurança Pública (Sesp) do Paraná, Leon Grupenmacher, a rebelião foi atípica. “A causa ainda nos é estranha. Não há superlotação. Há ressocialização. Eles têm aula e trabalham”.


Estrutura carente de investimentos
Para a promotora de Justiça da Vara de Execuções Penais (VEP) Marcia Francine Broietti, a rebelião em Guarapuava exige atenção por parte da administração pública. "Não é o primeiro episódio em Guarapuava. Temos uma estrutura carente de investimentos. Não podemos só pensar nos momentos de crise. É um problema em todo o Paraná, no país. O dinheiro que vamos perder reconstruindo tudo poderia ser investido em melhorias”, disse.
Além disso, durante a coletiva, a juíza da Vara de Execuções Penais (VEP) de Guarapuava disse que o motim foi uma surpresa, já que os processos e benefícios dos detentos estão em ordem. Esta é a primeira vez que ocorre uma rebelião na PIG, desde que foi inaugurada, há 15 anos. A penitenciária abriga 240 detentos e trabalha com um modelo em que os detentos podem estudar e trabalhar no local.
Para o delegado-chefe da divisão de investigação da Polícia Civil, Luiz Alberto Cartaxo, a rebelião ocorreu por causa de um pequeno grupo. “Nós temos na PIG, um perfil de preso que quer cumprir a pena rápido e quer ficar perto da família. Por um pensamento de uma minoria, tivemos a rebelião", complementou.
21 rebeliões em 10 meses
O ano de 2014 tem sido marcado por diversas rebeliões no Paraná. Em 10 meses, presos se rebelaram 21 vezes em várias cadeias e penitenciárias do estado. O período mais violento foi entre agosto e setembro. Em menos de um mês, cinco motins foram registrados. No fim de agosto, detentos da Penitenciária Estadual de Cascavel, no oeste do estado, fizeram um motim que durou 45 horas e deixou cinco pessoas mortas e muita destruição na unidade. O espaço não estava superlotado antes da rebelião, mas foi preciso transferir mais de 800 presos, devido à destruição das celas e corredores.
No dia 7 de setembro, foi a vez da Cadeia Pública de Guarapuava, quando 14 detentos renderam três agentes penitenciários. Eles exigiam a transferência de alguns dos presos, já que o local estava com superlotação. O pedido foi atendido e o motim se encerrou após nove horas.
Ainda houve a rebelião na Penitenciária de Cruzeiro do Oeste (Peco), no noroeste paranaense, no dia 10 de setembro. A unidade recebeu 124 detentos da Penitenciária de Cascavel, após o motim do fim de agosto. Mesmo assim, não havia superlotação. Segundo a Seju, o presídio pode receber até 1.108 presos, mas abriga 844.
Nos dias 16 e 17 de setembro, presos da Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP II), na Região Metropolitana de Curitiba, realizaram uma rebelião por mais de 24 horas. Os presos renderam os funcionários enquanto eles serviam o café da manhã e dominaram duas galerias do presídio. Dois agentes penitenciários foram feitos reféns. Uma das reivindicações dos presos era de que fosse construído um muro para que os presos faccionados, que pertencem a facções criminosas, ficassem separados dos demais.
A Seju informou que a construção do muro era inviável, mas disse que reforçou a grade que separa os blocos. Os presos também receberam 50 colchões para repor os que tinham sido queimados na última rebelião, no dia 12 de setembro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário