Direto do site: G1/Paraná
Uma
atitude de uma pedagoga de um colégio estadual de Siqueira Campos, no norte do Paraná,
revoltou mães de estudantes e fez com que algumas alunas do 6° ao 9° ano
deixassem de ir à escola. De acordo com as mães, após encontrar um absorvente
sujo colado em uma das paredes do banheiro, a pedagoga pediu para que as
meninas da escola baixassem as calças. Segundo as famílias das estudantes,
dessa forma a profissional saberia qual aluna foi responsável pelo ato e
poderia aplicar a punição adequada. Mães de três alunas da instituição disseram
que a situação ocorreu na terça-feira (28), e desde então, as filhas não querem
mais frequentar as aulas por constrangimento e por medo das brincadeiras dos
meninos. Nesta quinta-feira (30), as famílias participarão de uma reunião no
colégio.
O diretor do Colégio Estadual Joaquim Marques de Souza, Jorge Domiciano Ramos, informou que apenas o Núcleo Regional de Educação falará sobre o caso e, que por enquanto, a escola não vai se pronunciar.
O diretor do Colégio Estadual Joaquim Marques de Souza, Jorge Domiciano Ramos, informou que apenas o Núcleo Regional de Educação falará sobre o caso e, que por enquanto, a escola não vai se pronunciar.
A mãe de uma aluna de 11 anos, que preferiu não se
identificar, conta que filha chegou em casa nervosa e, depois de um tempo,
detalhou o que ocorreu na escola. “A minha filha disse que todas as colegas de
sala foram pressionadas a tirar a roupa e, que se não tirassem, teriam que
assinar um livro como punição”, detalha a mãe. “A minha menina é tímida, sente
vergonha de tudo, disse que tentou falar que não queria passar por essa
situação, mas não teve conversa com a pedagoga. A minha filha não quer mais ir para
escola, isso foi um trauma para ela”, lamenta.
Uma
das estudantes, de 15 anos, detalhou ao G1 que tudo ocorreu durante a última
aula. “A pedagoga chegou na sala e falou para a turma que todas as meninas
teriam que baixar a calça no banheiro. Se não fizessem, a escola chamaria o
Conselho Tutelar”, lembra. “Na sala, ela disse ainda que as meninas eram
porcas, que não tinham higiene. Depois disso, os meninos não param de tirar
sarro, já até nos apelidaram. Foi uma humilhação”, conta a aluna que não foi à
aula na quarta (29) e nesta quinta-feira.
Para Marilu da Silva, mãe da aluna, o sentimento é de
revolta. “Nós fomos com o Conselho Tutelar até a escola e lá os conselheiros
disseram que a profissional agiu sem pensar, que nós deveríamos relevar a
situação. Mas, se nós pais pecarmos com os nossos filhos, fizermos qualquer
coisa, mesmo que seja pequena, o conselho vai nos punir”, alega. Conforme
Marilu, a filha só vai voltar a frequentar as aulas quando a situação for
resolvida. “Essa profissional não tinha o direito de exigir esse tipo de coisa.
Tinha que ter agido de forma diferente”, constata.
A chefe do Núcleo Regional de Educação em Ibaiti, no
norte do Paraná, responsável pelos colégios estaduais de Siqueira Campos,
Lucia Maria dos Santos, disse que não estava sabendo da situação, mas que vai
investigar o caso e, em seguida, deve orientar a direção e os profissionais da
escola. “Para nós, tanto crianças quanto os adultos precisam ser respeitados.
Jamais os profissionais de educação devem trabalhar dessa forma. Nós sabemos
que situações acontecem, mas temos que ter cuidado humano, e primar pela boa orientação”,
diz Lucia. “A comunidade escolar precisa estar aberta às famílias. Por isso,
vamos conversar com todas as pessoas envolvidas e encontrar uma forma de
resolver esse problema”, pontua a chefe do Núcleo.
Para as mães, a escola deveria ter tomado outro tipo de
atitude. “A pedagoga deveria chamar as alunas individualmente, conversar com
elas separado dos meninos e pedir para que elas mostrassem as embalagens dos
absorventes. Depois disso, orientava as alunas”, pontua Teresinha de Lourdes
dos Santos, mãe de uma aluna de 13 anos.
Diálogo aberto
O professor de psicologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e especialista em bulling e violência escolar, Alex Eduardo Gallo, explica que os pais e a escola precisam conversar. “A forma como a professora agiu não foi a mais apropriada, ela deveria ter conversado com as meninas, informado que a aluna que colou o absorvente não seria punida. Mas, como isso não aconteceu, pais e escola devem abrir um canal de diálogo, a escola deve se explicar e os pais devem dizer o que sentem”, diz Gallo.
O professor de psicologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e especialista em bulling e violência escolar, Alex Eduardo Gallo, explica que os pais e a escola precisam conversar. “A forma como a professora agiu não foi a mais apropriada, ela deveria ter conversado com as meninas, informado que a aluna que colou o absorvente não seria punida. Mas, como isso não aconteceu, pais e escola devem abrir um canal de diálogo, a escola deve se explicar e os pais devem dizer o que sentem”, diz Gallo.
Para o professor, ao avaliarem a situação como uma
espécie de violência, as famílias também impedem de encontrar uma solução boa
para ambas as partes. “As famílias estão vendo uma violência, as meninas
acreditam que foram violentadas. Mesmo assim, é preciso conversar. A escola
precisa reverter essa situação, mostrar para os pais que, de certa forma, a
professora teve uma boa intenção”, detalha o especialista. “A atitude da
educadora e dos pais foi exagerada. Com diálogo tudo pode ser resolvido”,
acredita Alex Gallo.
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